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Ontem foi um dia cheio. Ainda meio quebrado da aula de caratê de quinta, fui almoçar no Waterfront. Lá, aproveitei para ir ao cinema, acho que pela segunda (no máximo terceira) vez esse ano. Fui assistir a refilmagem do Invasores de Corpos, The Invasion, com Nicole Kidman e Daniel Craig. Achei o filme bem massa, é um thriller bem bacana. Um belo meio termo entre ficção científica e filmes de zumbi.

Depois do filme (onde eu era um de três na sala de cinema), dei uma passada no Two Oceans Aquarium, já que sou membro. Eles estão renovando um monte de coisa, e as focas se mudaram para Durban. De lá, fui para a Cape Studies School of English, em Sea Point, onde o pessoal da escola me chamou para um Braai (o churras sul-africano).

Levei o violão, e fizemos altas cantorias, primeiro em português, depois com vários Beatles pela noite. Foi bem massa. Também comprei mais dois álbuns da Madam & Eve, e volto com quatro na bagagem para o Brasil.

Até!

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Ontem fui novamente no Philosophy Café, que estava muito mais cheio desta vez. A discussão foi centrada no poder e auto-definição do Eu. Quando alguém diz “Eu sou…” alguma coisa, isso tem um grande impacto na sua distinção e motivação. O ponto de partida da discussão veio de um livro de um filósofo americano, Alphonso Lingis [Google Books, Wikipedia], chamado The First Person Singular. Leia uns trechos abaixo:

‘But there are instances when the word “I” has a special force. “I am on my own now.” “I am a mother.” When, alone or in the presence of others, she says “I”, she impresses it upon herself, and her substance retains it. With these words, she takes a stand and faces ahead.’

‘The power to fix my own word on myself is a power that leaps over the succession of hours and days to determine the future now. One day, deep in the secrecy of my heart, I said, “I am a dancer,” and it is because and only because I uttered those words that I am now on the way to becoming a dancer.’

‘Our word, “I”… is the first and fundamental way we honour ourselves… The word of honour we have fixed upon ourselves is the real voice of conscience.’

“To say “I am a dancer” is not to impose upon myself an overall coherence and cohesion. In the heart of myself I am a dancer; but the whole of what I am is a singular compound of fragmentary systems of knowledge, incomplete stocks of information and discontinuous paradigms, disjoint fantasy fields, personal repetition cycles, and intermittent rituals.’

‘Our dancer conscience is not at all a critical function, a restraining force… Our artist conscience does not torment us with guilt feelings. In the words “I am a dancer!” “I am a mother!” “I am young still!” we feel surging power. Our pride in ourselves is a trust in the power of these words. There is a trembling pulse of joy in these words and a foretaste of joy to come. We trust our joy, for joy is expansive, opening wide upon what is, what happens, and it illuminates most broadly and most deeply.”

Lembrei de como eu tenho um pouco a ambigüidade de ser ao mesmo tempo Daniel e Anand. De me chamar Daniel, mas ser o Anand. E também pensei na questão da auto-definição. Até um tempo atrás, minha definição mais centrada seria dizer “eu sou um engenheiro”. Agora, não sei muito mais se existe uma definição central. Afinal, sou também um baterista, um gerente de projetos, um nerd, todas definições que me trazem prazer no orgulho dessas definições.

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E esqueci de contar, esse Sábado eu fui no jardim botânico de Kirstenbosch, perto de Claremont. O lugar é muito lindo, na beira da montanha, com vários gramados para curtir o sol e várias plantas e árvores bem africanas. O dia não estava dos melhores, mas fez com que o sol fosse muito mais gostoso quando ele aparecia. A foto abaixo é de lá.

Até!

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Esse Domingo fui até Kommekjie, onde fui ver a praia do outro lado da península:

Ontem fui para a cidade para tentar minha passagem de volta para dez de Janeiro, e quem estava por lá? Os Springboks, o time de Rugby campeão do mundo. A Cidade do Cabo era bandeiras da África do Sul para todo lado. Bem bacana. A table mountain estava toda coberta:

A foto tem essas gruas todas porque eu estava no Waterfront, almoçando. Até!

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E hoje, chegando do almoço, chego em casa e vejo um cara na porta. O vidro da porta, quebrado, e ele enfiando a mão lá dentro. Me vendo, diz um “fuck” e começa a falar com outro fulano no portão (que não vi) em Xhosa ou whatever. Vendo uma faca na mão do cara, eu pico minha mula, volto em alguns minutos (com o cú na mão), mas os caras tinham vazado. Trevas.

Levaram uns casacos que conseguiram puxar pela porta, e um pouco da minha sensação de segurança! 😉 Ainda bem que a porta estava fechada por cima. Se eu estivesse dentro de casa, a porta provavelmente só estaria presa pelo trinco de dentro, e os caras teriam entrado… Sei lá.

Já fui na polícia, onde fui muito bem atendido, mas é o tipo de coisa que não dá em nada. De repente os caras ficam mais espertos, mesmo porque Fish Hoek é bem sussa.

Em outras notícias, estou fazendo Caratê duas vezes por semana numa academia aqui de Westlake, terminei as aulas de dança e de Inglês (minha professora Nádia vai ficar um mês e meio na Inglaterra). Vou para Tanzania no fim do mês, para passar três semanas, e vou ajudar o Rob Douglas, que é professor de matemática aqui na Fish Hoek Middle School, nas aulas de detenção. Muahahaha!

É, vivendo a vida Africana.

PS: Alguém tinha me pedido um postal, mas não lembro quem. Se você ler isso, me mande seu endereço via e-mail para mim e receba seu postal!

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Semana passada fui com o pessoal da Cape Studies num restaurante excelente no Sea Point, o Buena Vista Social Club. Comi excelentes nachos por um preço razoável, e tomei a primeira margarita de qualidade aqui na África do Sul (tirando as minhas, hehe). Um gajo paraguaio mandou ver na salsa e ritmos latinos, junto com um cara fazendo percussão. Da hora.

Na quinta feira fui na University of the Western Cape, visitar a ex-orientadora de mestrado da minha mãe, a Kathy. Um aluno do 2º ano de ciências da computação, Charles Atuchukwu (ele é Nigeriano), me mostrou o campus. Essa universidade tem bem menos grana que a UCT, e é visivelmente freqüentada por colored people, na grande maioria. Talvez eu arrume alguma coisa pra fazer lá, duro é que é super longe.

Na sexta aproveitei para jogar World of Warcraft com o Davi, meu irmão (que aliás faz aniversário hoje) e com a Iara. Sábado não fiz muita coisa (mas fui lá na aula de matemática pela manhã), Domingo choveu, mas a África do Sul ganhou da Argentina e está na final do Rugby.

Hoje dei umas voltas com o Alpha Romeo, rodando pela Ou KaapseWeg. Perei lá em cima e tirei uma fotinha com o celular:

Amanhã tem aula de Inglês, mas sem muitos planos para essa semana. Devo ir visitar a UCT também, e de repente rola alguma coisa lá na UWC. O Jonh Volmink, que coordena o trabalho lá da matemática, está querendo que eu ajude-o a preparar um material para leitura matemática, basicamente a “arte de entender problemas”, mas que é fundamental para a maioria dos africanos. Vamos ver.

No lado mais pessoal, começo a perceber o que vim buscar aqui. Na verdade, estou procurando paixões, descobrir minhas paixões. Porque minhas insatisfações recentes tem muito mais a ver com procurar novas motivações, sabe. Minhas motivações sempre foram mais racionais, mas sinto agora uma necessidade de buscar coisas mais passionais. Não estou falando de romance aqui, mas sim de buscar as coisas que gostamos, seja lá quais forem. E sei, nesses dois meses que já estou aqui, quais são as coisas que eu mais sinto falta.

E também já sei dizer do que vou sentir falta quando sair aqui. 🙂

Até!