E de repente, assim sem mais nem menos, faz um ano que virei pai de duas meninas. Aquele primeiro ano de dias longos e semanas que voam. O ano que você mal se lembra do que aconteceu, e que mal reconhece quando vê as fotos.
Ver duas bolotinhas se transformando lentamente em pessoinhas, que agora ficam de pé, conversam em sua língua nativa (bebê), fazem manha e tem preferências, é impressionante. Ver a cara delas todo dia que chego do trabalho se transformando numa empolgação gigante é o maior motivador do dia-a-dia.
Mas quem mais me surpreendeu nesse último ano é a maior heroína desse processo todo, que é a Iara. Que segurou a onda, se recuperando de uma cesárea e pós-parto com pressão alta, que segurou a diabetes gestacional com dieta, que fez o possível para amamentar duas de uma vez, que dia após dia acordou e dormiu com elas, que tantas vezes acordou as 3 da manhã para colocar uma chupeta e, intencionalmente, deixar eu dormir.
As meninas nunca vão saber o que foi esse primeiro ano, nem lembrar das fotos e vídeos. Mas a força, companheirismo e perseverança no dia de dia de fraldas, mamadeiras e lavação de roupa, só a gente que vai lembrar, pra sempre.
Parabéns pelo 1o aniversário de mamãe, mamãe Iara.
E esse Sábado, dia 12, é dia dos namorados. Como um bom nerd, passei quase todos os dias dos namorados da minha vida olhando com cara de cachorro que caiu da mudança os casais que trocavam presentes e ficavam “ocupados” nesse dia. Hoje, já sossegado e praticamente casado, nem ligo muito pra data. Mas, nos meus sonhos mais íntimos, ao contrário do que possam pensar, não tem enfermeiras, mas alguém vestida assim:
Corsete? Check. Starwars? Check. Lado negro da força, que tem muito menos frescura em geral? Check. Preciso pedir mais?
E estive nessa sexta no maior show da minha vida: AC/DC, com mais setenta mil pessoas, no estádio do Morumbi.Experiência única e inesquecível, que vale a pena citar os detalhes.
Saímos numa van aqui de Campinas, em catorze pessoas, a maior parte delas funcionários da Tectoy Digital, onde trabalha o Brunão. Já em clima de rock’n’roll, partimos para enfrentar o trânsito de sexta-feira em São Paulo. Depois de vencida a jornada com muita paciência, descemos e fomos nos aproximando do estádio à pé. Eu nunca tinha ido no Morumbi antes, e me impressionei com a quantidade absurda de gente vestida de preto por todos os lados. Parecia um encontro de RPG, mas com menos garotas.
Do lado de fora as nuvens escuras preparavam a maior chuva do século. Garanti uma capa pra mim, enquanto a gente dava a volta no estádio procurando a entrada para as arquibancadas laranjas. Entramos no estádio exatamente no momento que começou uma chuva torrencial, mas ficamos embaixo das arquibancadas esperando melhorar. A chuva passou depois de dez minutos, e graças aos deuses do rock, não iria mais voltar.
Entrar no estádio é uma emoção à parte, é a mesma sensação de entrar num coliseu romano. A grandiosidade, o mar de pessoas, as luzes e tudo mais te deixa minúsculo. As arquibancadas tinham uns bons cinco centímetros de água em cada degrau, e fomos nos espremendo e escalando por um lugar. Eu estava preocupado em conseguir me encontrar com a Iara, já que fomos separados, no meio daquela multidão. E aí as luzes se apagaram, para a abertura do Nasi e sua banda, que tocou algumas músicas próprias, mas já veio rendido aos gritos obrigatórios de “Toca Raul” com “Sociedade Alternativa”.
A luz voltou, a Iara miraculosamente encontrou a gente, e depois de mais algum tempo, estávamos no mundo do rock. Um clipe alucinado de demônios e gostosas num trem desgovernado que termina numa explosão e uma locomotiva gigante no meio do palco é o prelúdio de duas horas do mais puro e clássico rock. E no intervalo entre Back in Black e Thunderstruck, aproveitei para tirar o anel de noivado do bolso e pedir, oficialmente, a Iara em casamento. Ela chorou litros, mas já estava com os olhos secos e sorriso no rosto quando Angus Young começa seu strip-tease em The Jack.
O Brunão teve a péssima idéia de ir no banheiro e perdeu Brian Johnson correndo os 120m de palco na direção do sino gigante com o símbolo da banda para o início de Hells Bells. O estádio quase vem abaixo depois com a sequencia de hinos, como Highway to Hell, T.N.T., You Shook Me All Night Long e Let There Be Rock, com solos infinitos de Angus, que nem parece um cinquentão. No bis, For Those About to Rock (We Salute You), com direito a muitas explosões e queima de fogos no final. Saí do Morumbi cansado, sem voz, com um sorriso no rosto e, pudera!, noivo.
Com esse show, somado ao Bridges to Babylon dos Rolling Stones em 1998, posso dizer que a veia do rock estará pulsando por ainda muitos carnavais.
A Iara ainda não é uma Nerd de carteirinha, mesmo já tendo me enchido de orgulho no passado. Mas ter uma namorada nerd, nem que seja só um pouquinho, tem várias vantagens:
Ela é inteligente, às vezes mais que você. Você pode soltar uns acrônimos aqui e ali, e ela vai sabver do que se trata.
Pode ser que ela não jogue RPG, mas vai te acompanhar, não vai te encher os saco quando você for (você prefere jogar dados com seus amigos?!) e, no meu caso, vai até fazer bolos de chocolate para o grupo.
Ela não vai te achar bizarro quando você falar que tem pouca banda, desmontar seu videogame para colocar um modchip, ou mesmo preparar sua fantasia para a próxima convenção de RPG. Talvez até te ajude!
Ela te acompanha nas divagações (e, se bobear, nas convenções) de Star Wars e Star Trek, e sabe a diferença entre a Enterprise e a Falcon Millenium.
Vocês podem estar os dois lendo alguma coisa na sala ou no quarto, e estar se divertindo pacas.
O final de semana em Sampa foi tradicionalíssimo. Fui sexta-feira fui assistir ao concurso para livre-docência do Prof. Dr. Marcelo Bahia Labruna, orientador da Iara. Fui assistir é maneira de dizer, fui acompanhar minha namorada no churras de comemoração… 🙂
Sábadão rolou aquele RPG básico, na aventura do Moicano, depois do almoço entope-veia no Burger King. Domingo fui ver, de novo, o Cavaleiro das Trevas. Para quem não gosta mais de ir ao cinema, ir duas vezes acho que quer dizer alguma coisa.