Meu post do espírito de aventura foi sucesso de público, com um recorde de seis comentários. Tudo bem que um é meu, um do meu pai e dois da minha mãe, mas mesmo assim, urru! Queria então comentar alguns dos comentários.
Minha mãe comenta que as experiências precisam envolver mais os sentidos: “Esta distância virtual faz a experiência mental demais. Precisa sentir a agua, ouvir o barulho do fundo do mar…” Dois pontos: 1º – será que somente a experiência mental não é o suficiente? Muitas experiências consideradas iluminadoras são mentais, através de meditação ou fé. Onde exatamente as experiências dos sentidos agregam valor na experiência? 2º – Não é preciso ir longe para experimentar as sensações. Grande parte das vivências que estou tendo aqui na África do Sul poderiam acontecer no Brasil, mesmo em Campinas. Porque quase ninguém vai nos pontos turísticos de sua própria cidade / país?
Meu pai cita o Osho, que cita o Budha, dizendo: “freedom from everything (…) is the greatest joy, and it is possible”. Eu concordo com o Buda, e acho que o desapego de tudo passa também pelas experiências dos sentidos. Quando o Buda fala dos vícios dos sentidos, certamente entra aí o desejo de ver uma montanha maior, uma vista mais bela e mar mais azul.
O comentário do Cris tem a ver com o que discutimos no philosophy café: “Sentir, viver e – porque não – refletir são experiências únicas e muito pessoais, na procura dos nossos caminhos”. Nossas visões (parciais) do mundo e das experiências criam nossas verdades, que não deixam de ser fatos que acreditamos, indo na linha (que concordo) que não existe a verdade. E quando duvidam ou questionam nossas crenças, isso abala a estrutura. Porque as pessoas não conseguem questionar seus próprios espíritos de aventura?
Por fim, a Ana Paula comenta que o espírito de aventura dela serve para sair “da vida cotidiana… e então, outro lugar, outras pessoas, outras belezas, outras sensações são fundamentais!” Na verdade, aí está meu dilema. Não acho mais certo ou mais errado, cada um tem sua maneira de ir atrás das suas “verdades”. Mas estou tentando compreender o que se esconde por trás dessa busca do outro, do diferente. Se é que isso existe. Pra mim a África do Sul que vivi é só mais do mesmo.
Putz, esse post só deveria ser lido depois de umas biritas… 🙂
Até!
comentário do comentário do comentário.
o espírito da aventura no meu caso quer dizer aceitar o que a vida me deu.
there is no learning in avoidance, diz também o Buda.
então a aventura não está lá fora, nas montanhas mais altas.
a aventura é ter olhos pra ver as aventuras que acontecem e que fazem a minha história.
Oooi Anand!
Bem, eu, como você sabe, sou o seu oposto: o mestre do wanderlust. Acho que existe mundo demais que a gente não vê. A incompreensão que você tem por pessoas que anseiam para viajar o mundo é a mesma que eu tenho quando eu leio que você NÃO sente isso! 🙂
Acho que a questão é que você considera que quem viaja viaja para encontrar algo. Para encontrar um algo a mais que não encontra onde mora, e assim preencher alguma falta em sua vida cotidiana.
Eu sinto que a viagem vale por ela própria; não estou viajando porque lá é mais bonito, estou viajando porque lá existe. Quero morar fora não necessariamente porque lá é melhor, mas porque moram pessoas lá, diferentes daqui. Não quero conhecer pessoas melhores, mas pessoas outras.
Se eu estivesse na África, ia dar um jeito de ver elefantes, de ir para outros países… Tanta coisa. O mundo está aí!!
Abração com saudade!
Mesmo assim eu dou uma chance pra juliana paes!!!